"Existe um problema de imaginação na polícia portuguesa. E isso reflecte-se no nome que dão às várias operações policiais que de vez em quando desempenham. Se repararmos bem, a designação das operações policiais têm duas características: ou são sazonais ou cataclíticas.
As designações das operações sazonais são aborrecidamente iguais: Operação Ano Novo, Operação Carnaval, Operação Páscoa, Operação Férias de Verão, Operação de Natal e finalmente aquela Operação que é quando um chui quiser: Operação Stop.
Todos os anos é sempre a mesma coisa, com pequenas variantes que consistem no ano em que decorre a operação, e na qualificação que se queira atribuir. Assim sendo podemos ter a «Operação Páscoa 2008» ou a «Operação Natal em Segurança». Ora isto, para além da falta de imaginação, é de uma pobreza intelectual a toda a prova. Realmente percebe-se porque raio um sem número de gente decidiu fazer a sua vida agarrado a um cassetete em vez de colocar a sua imaginação a funcionar e dedicar-se a actividades mais criativas e lucrativas. Como os políticos, por exemplo, mas isso é outra história.
O que interessa reter aqui é que nunca ninguém se lembrou que uma operação policial, até por questões de motivação de própria força policial, não pode ser um papel químico da outra. E como tal não devia ter a mesma designação. Ao dar o mesmo nome às suas operações o que a polícia faz é dizer subliminarmente aos seus membros que é tudo mais do mesmo: o ano é diferente, mas a realidade é que a malta vai continuar a espetar-se toda na estrada como já é hábito.
Sob uma perspectiva de marketing, o facto das operações terem sempre o mesmo nome contribui para que, do ponto de vista do consumidor (entenda-se aqui por consumidor o gajo que vai pagar a multa por toda a infracção que cometa) é que é sempre tudo igual. Em marketing, quando tudo é sempre igual a malta deixa de reparar porque fica tudo a fazer parte da paisagem. E nessa perspectiva o mais certo é que a malta continue também a fazer tudo igual, o que contribui para as expectativas iniciais da polícia: « o ano é diferente, mas a realidade é que a malta vai continuar a espetar-se toda na estrada como já é hábito.» Conclusão: mais do mesmo.
De vez em quando há um polícia mais irreverente, com pretensões criativas, que tenta mudar o status quo e designar uma operação policial de uma forma diferente, mais criativa, mais arrojada, mais impactante. Mas mesmo assim a sua imaginação é precária. Quando as forças policiais tentam arranjar nomes originais para as suas operações acabam sempre por ir parar aos cataclismos da natureza. Estamos perante uma Operação cataclítica quando somos confrontados com designações como «Operação Furacão», «Operação Relâmpago» ou «Operação Tempestade». É curiosa a tendência que estes rapazes de azul têm para o desastre natural. No momento de encontrarem um nome para sua operação, descai-lhes sempre o chinelo para a desgraceira causada por mão não-humana. Vá-se lá saber porquê.
Tendo isto em conta, predispus-me a ajudar as nossas forças policiais e a pensar em designações que possam dar mais projecção mediática e, consequentemente, a gerar maior intimidação junto dos potenciais prevaricadores.
Sugestões para as futuras Operações de Ano Novo:
- Operação Começas Bem
- Operação Multa Nova
- Operação Champanhe a Mais
Sugestões para as futuras Operações de Carnaval:
- Operação Folião Fodido
- Operação Vais Levar C’o Martelinho
- Operação Corso Etilizado
Sugestões para as futuras Operações de Páscoa:
- Operação Coelhinho Sodomizado
- Operação Somali de Chocolate
- Operação Ovinho Surpresa
Sugestões para as futuras Operações Férias de Verão:
- Operação Vou-te Deixar em Monokini (ou Operação Só Te Deixo os Calções)
- Operação Vais Bronzear-te aos Quadradinhos
- Operação Boazona Bêbeda
Sugestões para as futuras Operações de Natal:
- Operação Rena Rodolfo
- Operação Bais Lebar uma Prenda (para aquelas operações que decorram a norte do Tejo)
- Operação Uma Multa é Quando um Gajo Quiser"
in "A razao tem sempre cliente"
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