Geração Rasca

Eu faço parte da chamada "Geração Rasca", nasci em 79 e por isso encaixo que nem uma luva nesse grupo de pessoas.
Esta semana conheci uma musica dos Deolinda, chamada "Parva que eu sou" que parece ter vindo revolucionar o mundo. A musica é fraca, a letra é basica e o assunto é mais que batido. Mas incrivelmente parece ter servido de rastilho para acordar algumas mentes adormecidas. Ou entao não, veremos.
A verdade é que a musica gerou um movimento "abre olhos" (como dizia o outro que já ninguem se lembra), e o tema da precariedade voltou a estar em cima da mesa. Parece que até agora, até a Bacalhau ter cantado aquelas rimas terminadas em "ar" ninguem em Portugal se tinha apercebido da precariedade dos empregos, e da verdadeira situação do pais. Alias, lembrando-me das ultimas eleições, acho mesmo é que essas pessoas não querem saber é de nada!
Mas aderir a um grupo no facebook só demora o tempo de um click, e parece que os grupos em volta deste tema, estão a florescer como se já tivessemos chegado a primavera. E a blogosfera borbulha de actividade.
"Está na hora do Povo vir para a rua conforme fizeram os da Tunísia, Egito e dos que vão aparecendo agora!!! Nós portugueses é que somos parvos e deixamos isto continuar", escreveu um internauta no mural do grupo. Além de escrever Egipto à brasileira, parece que acordou agora para a realidade de um pais. Quantas destas pessoas que aderem a estes grupos terão ido votar? Sair para a rua, não brinquem comigo! Deve ser como aquele boicote à Galp e BP, a que toda a gente aderiu no Facebook, mas que ninguem deve ter cumprido, tendo em conta o feedback que me chegou desse mega-movimento civico. E com os combustiveis a aumentar todos os dias.
O jornal Expresso dá hoje espaço a esta revolução de sofa. Dizendo que os animos estão exaltados, que o ambiente no facebook e na blogosfera está a ferver. Que se combinam arruadas e manifestações.
Meus amigos, tal como diz Saramago no seu "conto da ilha desconhecida": os marinheiros já não estão na disposição para sair do conforto do seu lar, para buscar aventuras, nem buscas de terras desconhecidas. E como disse mais acima, um click é uma maneira muito comoda de manifestação.
Vou esperar para ver este novo 25 de Abril cibernetico, com esta musica dos Deolinda como o novo "depois do adeus". E vou já comprar um cravo para enfiar numa porta usb algures no meio da revolução. Ou então vou continuando a falar neste espaço, que tão pouca visibilidade tem, e a achar ridiculas todas estas manifestações portuguesas que nunca dão em nada.
Ai que parvo que eu sou...