"Portugal vai ajudar a Grécia com 770 milhões de euros. Não é piada. é mesmo uma notícia. E das verdadeiras. Nada daquelas do 24 Horas nem do Correio da Manhã. Isto é verdade. Está confirmado. Portugal - sim, nós!, que atravessamos uma das crises mais graves de que há memória - vai dar setecentos e setenta milhões de euros à Grécia para ajudar à sua recuperação económica. Ou seja, em média, cada um de nós vai contribuir com 77 euros. O Ricardo, aquando da primeira ajuda à Grécia, contribuiu com um frango.
Nós, portugueses, sempre gostámos mais de ajudar os outros do que nós próprios. É uma condição nossa. Foi assim com Timor, com Angola, com o Haiti e com aquele país chamado Madeira.
Ajudamos e ficamos sem nada. E depois? Que solução encontramos para resolver este nosso problema de generosidade excessiva? Pedimos emprestado. Contamos com a generosidade de outros que, seguindo a lógica, pedirão emprestado a outros (que ajudarão com toda a generosidade). E assim sucessivamente. Andamos de generosidade em generosidade até atingirmos um défice jeitoso. E depois lá vêm as medidas drásticas de apertar o cinto, fazer dieta e ir todos os dias ao ginásio. Porque nós só deixamos de ser generosos quando vemos que os outros estão melhor que nós. E aí, alto e pára o baile. A generosidade dá lugar à ganância, e a lamechice dá lugar à crítica. Quando estes conceitos se juntam, é quando nós, portugueses, atingimos o nosso clímax enquanto povo. Se José Gil diz que "Portugal tem medo de existir", eu (outro pensador importantíssimo do nosso tempo) digo que Portugal tem coragem de ajudar. Uma coragem parva e sem sentido. Mas nós somos mesmo assim. Preferimos ser generosos. E deixar andar. Deixar andar é generoso. Não fazer nada é generoso. Dar é generoso. Sorrir é generoso. Chorar é generoso. E o pior disto tudo é que - sendo a nossa generosidade uma doença crónica - nós gostamos de a praticar. Mesmo com quem tenha muito mais que nós."
Texto de André Filipe Pereira em No Tempo dos Assassinos
Texto muito bem conseguido, embora Portugal não esteja a "dar" dinheiro a Grécia. Em teroria trata-se de um empréstimo de até 774 milhões de euros a Atenas, reembolsado a uma taxa ligada à Euribor e que neste momento seria de 5%. Que vem no seguimento da decisão dos ministros das Finanças da área do euro que consiste em conceder um montante no valor de 30.000 milhões de euros à Grécia, que serão cedidos a uma taxa de cerca de cinco por cento. Só para esclarecer os mais distraidos.
5 comentários:
Eu, que de economista não percebo nada, e nenhum jeito também, fico com esta questão ... estando nós a um passo do famoso PEC, ou seja, acautelem-se porque agora sim é que isto vai ficar feio, como é que nós vamos conseguir ajudar a Grécia?
Fazer parte da U.E. é isso mesmo, ajudar os países membros sempre que necessitam, seja por causas naturais, económicas, ou outras quaisquer. Mas porque é que nessa mesma U.E existem países aos quais é permitido excepções, tal como a moeda em Inglaterra por exemplo, ou alguns países recém aceites nestes Estados Unidos da Europa, que não possuem as mesmas obrigações que nós, como é o caso da República Checa? Que até tem a coragem, numa visita do nosso Cavaco a Praga, de mandar umas verdades na cara, mas que lhe ficou bastante mal, a meu ver?
Isto são questões de alguém que não percebe nada disto...mas que também não vê as suas dúvidas esclarecidas na comunicação social, que está distraída com outras questões, mais importantes concerteza.
Quanto à justiça dos previlegios dados pela UE aos diferentes membros, também me faz um pouco de comichão. Mas como sempre, este n é um blog politico, por isso não quero dar a minha opiniao mais profunda, so fiz o () para corrigir o pequeno erro do texto (se na pratica for realmente um erro, mas plo menos em teoria, é!).
"Portugal ajudar a Grécia monetariamente é o mesmo que o Leixões ajudar o Belenenses a não descer de divisão"
Ruca
julgo que ainda é pior que isso ruca, pq eles nos "roubaram" a vitoria n euro2004,
pelo que por mim vendam a taça p sairem da banca routa, ate pode ser que o Madail a compre.
Foram marotos e agora toda a gente vai ajudar com emprestimos.
O governo aperta com o tal "PEC", ainda vamos ajudar a madeira com 740€ milhoes dos 1080€ milhoes que custou a castastrofe. Os combustiveis sobem todas as semanas, realmente coitado do contribuinte.
A Madeira ainda é Portugal...
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